Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the ultimate-addons-for-gutenberg domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /var/www/vhosts/easdvalencia.com/httpsdocs/disseny-obert/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: La funció _load_textdomain_just_in_time s'ha cridat de manera incorrecta. La càrrega de la traducció per al domini astra s'ha activat massa aviat. Això sol ser un indicador d'algun codi de l'extensió o del tema que s'executa massa aviat. Les traduccions s'han de carregar a l'acció init o més tard. Consulteu la depuració en el WordPress per a més informació. (Aquest missatge s'ha afegit en la versió 6.7.0.) in /var/www/vhosts/easdvalencia.com/httpsdocs/disseny-obert/wp-includes/functions.php on line 6114
Design Emergency: Building a Better Future – Disseny Obert

Design Emergency: Building a Better Future

Rawsthorn, Alice & Antonelli, Paola

Design Emergency: Building a Better Future

2022 London
Phaidon
Editora

Alice Rawsthorn é uma crítica de design e autora, Paola Antonelli é curadora do Museu de Arte Moderna (MoMA) em Nova Iorque. Além de serem amigas de longa data, há muito que tinham vontade de trabalharem juntas. Design Emergency: Building a Better Future foi a forma que encontraram de colaborar, inicialmente através de um conjunto de entrevistas que conduziram na rede social Instagram durante a pandemia de covid-19. Em 2022 foi publicado o livro que reúne essas entrevistas com artistas, arquitetos, engenheiros e designers. Através destas entrevistas elas revelam como perante emergências, não só a do covid-19 como também outras, é possível praticar um design inovador e acessível.

O livro inicia-se com uma introdução ao tema pelas autoras, a seguir à qual Rawsthorn fala sobre uma história do design de emergência; logo depois Antonelli elabora sobre a prática do design na era da covid-19. Seguem-se as entrevistas, organizadas segundo os temas Tecnologia, Sociedade, Comunicação e Ecologia. Estas entrevistas abordaram especialmente os projetos recentes dos entrevistados e como através deles conseguem redesenhar e reconstruir vidas perante uma emergência. À data, elas já realizaram mais de 70 entrevistas e ainda mantêm essa troca de ideias/entrevistas, mantendo o seu gosto em mostrar as possibilidades do design. Antonelli revela em entrevista com a editora-chefe da designboom, Birgit Lohmann, na Semana de Design de Milão 2022, que “design is about life”, sobre as emergências globais e locais, as grandes e as pequenas, e como todas elas (ambientais, políticas, sociais, tecnológicas) estão ligadas. 

Começando o livro com a história do design de emergência, Rawsthorn recorda-nos como uma tribo, os Khasis, que vivem nas montanhas Jaintia, na Índia, usaram o design como solução de um problema trazido pelas alterações climáticas: os vales entre as montanhas ficavam inundados devido às fortes chuvas da região e a tribo não conseguia atravessar o vale durante essa altura. Então a solução passou pela criação de pontes através de um método singular: plantar árvores cuja raiz seja forte e o cujo o seu tronco sirva para segurar a ponte que é feita pelos seus ramos. Manejadas pela tribo, passados 30 anos de crescimento e endurecimento, estas pontes são capazes de sustentar até 50 pessoas. É também analisada a forma como anteriores pandemias – como a peste negra – foram extintas, sendo também analisada a aparência dos médicos que na altura tratavam da peste –desde o seu traje, às luvas e máscara por eles usadas – como equipamento de proteção. Na sua análise  sobre o design na era do covid-19, Antonelli começa por proferir como a Austrália espalhou a notícia de uma nova doença mostrando visualizações de como se deviam proteger através de um design que conseguiu chegar a 97 por cento de habitantes da Nova Zelândia.

Em seguida, as entrevistas começam pelo tema Tecnologias. Para este tema as autoras entrevistaram vários indivíduos que estão, de alguma forma, relacionados com as tecnologias, seja pela inteligência artificial, telemedicina ou até mesmo pelas viagens ao espaço. Uma das entrevistadas – por Rawsthorn – foi Roya Mahboob. Esta orientou, durante a pandemia, oito jovens afegãs – Asefa Amini, Somaya Faruqui, Ayda Haydarpour, Nahid Khajazada, Lahm Mansoory, Florence Pouya, Nahid Rahimi e Diana Wahabzada – permitindo o empoderamento destas jovens através do design e criação de ventiladores de emergência na cidade de Herat, no Afeganistão, como resposta à escassez de ventiladores durante o ano crítico da covid-19, 2020. Mahboob fundou a empresa Afghan Citadel Software, que habilita jovens e mulheres a aprender mais sobre tecnologia, melhorando as suas capacidades e o seu empoderamento pessoal. Segundo Mahboob, foi um grande desafio encontrar as peças para os ventiladores visto que praticamente todas as lojas estavam fechadas e elas não podiam sair para ir procurar e ver o que havia disponível no mercado que pudessem usar numa solução viável. Herat foi uma das cidades do Afeganistão a ser mais afetadas, o que encorajou as jovens mulheres a continuarem o seu projeto.

No tema Sociedade, oito engenheiros e arquitetos são entrevistados acerca dos seus projetos que conseguem ter um impacto positivo na sociedade ajudando também diversas comunidades. O arquiteto britâncio Peter Barber,  expõs o problema da acessibilidade dos sem-abrigo a um abrigo, expondo em conversa com Rawsthorn o seu trabalho que passa por várias experiências,  ao longo de vários anos, para a criação do design de novos modelos de habitações sociais habilitadas para o século XXI. Trabalhando sempre com orçamentos reduzidos, Barber tem vindo a desenhar projetos de ação social de habitação fora e dentro de Londres, dando esperança e dignidade a comunidades mais necessitadas. Um desses projetos é Holmes Road Studios, no norte de Londres, que oferece 50 espaços para se viver e um jardim para ajudar os sem-abrigo a terem um teto e a orientarem-se sozinhos. São pequenas casas mas também quartos, construídos num único edifício para pessoas com elevadas necessidades. Este projeto permite dignidade às pessoas em períodos vulneráveis ​​das suas vidas, quando precisam de confiança para seguir em frente e quebrar o ciclo de sem-abrigo.

No segmento da Comunicação são entrevistados vários designers que através do seu trabalho comunicam com o público, exprimindo o sítio de onde veem e a sua cultura. O ilustrador Mohammed Fayaz dispõe de um trabalho extraordinário documentando as vidas de pessoas de cor queer e trans. Nasceu em Queens, Nova Iorque, e vem de uma família indiana muçulmana. De momento, Fayaz está estabelecido em Brooklyn e desenvolveu um singular e reconhecido estilo de ilustração que retrata pessoas de cor queer como ele.  Através da sua alegria, energia, otimismo, intensidade e vulnerabilidades, ele apresenta-as  em cartazes e outros meios impressos,, em colaboração com organizações não governamentais e grupos ativistas. Os seus trabalhos de renome estão associados ao coletivo de arte Papi Juice, do qual é diretor artístico e onde usa a sua ilustração como forma de ativismo.

Por último, na seção Ecologia são discutidas formas de se ser mais ecológico usando materiais e processos que o permitam. Em conversa com Antonelli, a inventora e arquiteta Neri Oxman acredita que para criar um melhor futuro é necessário criar novos materiais e processos que incorporem tecnologias inovadoras. Oxman quer que os seus projetos estejam sempre em fusão com a natureza, começando e acabando nela, mantendo-se incontrolável.  Isto é, como é pensado na natureza, quem o faz não tem controle absoluto sobre os projetos, no entanto podem prever o que acontece. Os Silk Pavilions são um projeto que Oxman usa bichos da seda para criar e construir dois pavilhões; traduzindo para uma leitura tecnológica, os bichos da seda são como uma impressora 3D e as suas sedas são como os fios que vão criar as estruturas desejadas pelos humanos Estes pavilhões chegam aos 6 metros de altura e aos 5 metros de comprimento, com paredes feitas por bichos da seda que distribuem mais ou menos igualmente a seda pela sua superfície.

Por apenas estar publicado em inglês, este livro não será de fácil leitura para quem não fale a língua, sobretudo que não esteja familiarizado com o seu tema ou área. A nível de conteúdo, a forma como nos dão a conhecer primeiro de forma geral o tema e depois um pouco da sua história ajuda a entender mesmo quem não percebe muito de design. 

Em conclusão, considero que este livro consegue abordar diferentes assuntos sobre como construir um futuro melhor através do design. As autoras conseguem, transversalmente através de conversas com vários profissionais de design ou relacionados com a área, dar a conhecer ao leitor, de um modo explícito e compreensível, o que foi elaborado por estes profissionais em situações de emergência. Mas também o que fazem e continuam a fazer, os desafios que enfrentaram e o que preveem para o seu futuro, tanto a nível profissional como pessoal.

Recensão de:
Laura Mesquita

Licenciatura em Design de Comunicação, FBAUL

Disciplina: Estudos em Design, 2022-23